sexta-feira, 18 de julho de 2008

Nem tu vês que o hábito nos separa cada vez mais…
Nem tu vês que há dias em que acordo e não sinto a tua falta…
Olho para o passado com a certeza que perdemos tudo o que poderíamos ter… Já não vejo presente, muito menos futuro…vejo a insegurança e a tristeza da perda de tudo o que poderíamos ter tido, tudo o que poderíamos ter conhecido...
Porque não vês…
Que começam agora a chegar as manhãs em que quero seguir em frente, em que penso que foi inútil teres chegado perto de mim…
Hoje, não te sinto aqui…tornou-se insignificante tudo o que tivemos… hoje não és mais do que uma perda de tempo…
Triste viver…
Porque tenho a certeza que amanhã tudo voltará a ser como de antes… vou Amar-te como sempre Amei, e vou continuar a espera que tu vejas o que eu sempre vi, e acreditar que me vais ajudar a lutar contra esta corrente que nos separa, fazendo com que o dia de hoje se torne constante.

domingo, 6 de julho de 2008

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas,
Essas e o que faz falta nelas eternamente,
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Alvaro de Campos